O antigo oficial de segurança e secretário do Sheffield Wednesday, Graham Mackrell, de 69 anos, se tornou nesta quarta-feira, 4, no primeiro condenado pela justiça da Inglaterra pelos acontecimentos do dia 15 de abril de 1989, em Hillsborough, durante a semifinal da FA Cup daquele ano, entre Liverpool e Nottinhgam Forest, que deixou 96 mortos, na maior tragédia da história do futebol europeu.
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Mackrell, que possui uma carreira na área administrativa de clubes de futebol desde 1974, foi considerado culpado por não conseguir manter a segurança dos torcedores em Hillsborough, sendo o responsável por permitir que apenas 23 catracas pudessem receber os 24 mil torcedores do Liverpool esperados para o setor do estádio onde tudo aconteceu e pela falta de planos de contingência. A defesa de Mackrell argumentou que ele não era o responsável pelo arranjo das catracas, ainda que de acordo com seu contrato de trabalho, apresentado pela promotoria, o secretário fosse o responsável por todos os negócios e assuntos administrativos do clube, na época. Funcionário do Sheffield desde 86, Mackrell foi o responsável por levar as semifinais da FA Cup novamente para o estádio a partir de 1987, que não era escolhido desde um incidente na semifinal de 1981, que deixou 200 torcedores do Tottenham feridos. Mesmo depois da tragédia, Mackrell seguiu trabalhando no clube até 1999, deixando o clube para assumir o cargo de chefe-executivo do West Ham. Em 96, durante a Eurocopa disputada na Inglaterra, o dirigente também trabalhou como diretor de sede, justamente em Hillsborough.
Em contrapartida, o chefe de polícia responsável pela operação de segurança da partida, David Duckenfield, de 78 anos, foi absolvido das acusações de homicídio culposo e negligência. Duckenfield foi o responsável por ordenar a abertura dos portões, causando a entrada repentina e desordenada de centenas de torcedores, levando ao esmagamento os torcedores que já estavam dentro do estádio. Entretanto, o tribunal considerou inconclusivas as provas que indicavam a responsabilidade do policial no ocorrido. A acusação prometeu recorrer da sentença.
O Liverpool, por meio de nota oficial, lamentou a não condenação, “reconhecendo o veredito e compartilhando da frustração com todos os afetados pela tragédia pelo resultado não ser definitivo”. Além disso, o clube ressaltou que “o comportamento dos torcedores em Hillsborough não foi fator de contribuição para o incidente”. Outras quatro pessoas, indiciadas em julho de 2017, ainda devem vir a julgamento.